Non quixermos que fose coa ocasión de hoxe que lle dedicásem

Ofrecemos só un poema publicado no libro Os Poemas Possíveis, e que tomamos de Jornal de Poesia, mais recomendamos vivamente a lectura da súa inxente obra, ben sexa no formato tradicional de libro, ou na versión dixital do seu blog.
Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
1 comentario:
Saramago non escribía para que a xente olvidará certas cousas, senon que espertaba paixóns,espertaba incluso sentimentos de culpa,o seu propósito era facer a vida máis real no corazón e na mente dos que o lían.
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