16/8/10

E no cotián... a poesía: Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)


Neste tempo de verán, e despois dun longo tempo de inactividade na sección poética do blog, queremos traer a esta brillante autora portuguesa. A obra de Sophia de Mello é moi ampla, e resulta difícil escoller unha mostra adecuada da súa obra. Dada a época do ano na que nos atopamos, deixaremos dous poemas incluídos na antoloxía Mar.

EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todo beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por min como num beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

OS AMIGOS

Voltar ali onde
A verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta a impetuosa
Juventude antiga –
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão

No hay comentarios: